There's no such thing as fairy tales.

domingo, 11 de janeiro de 2009

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Era uma daquelas vezes em que o amor não era correspondido... outra vez.
Ele entrou na sala. Ela focou os seus olhos azuis nos dele. E durante uns míseros segundos, eles olharam-se.
Simples trocas de olhar, sim... mas com um efeito devastador no coração dele.
Ele passou por ela, enquanto que ela voltou a pôr os os seus olhos azuis nos olhos castanhos do namorado.
E ele passou por eles, engolindo as próprias palavras, engolindo os próprios pensamentos, engolindo os próprios sentimentos. Fechou os olhos para conter as lágrimas. E encostou-se à parede do lado oposto da sala.
As horas passaram, as bebidas acabaram, a música baixou de volume, a noite avançou. Mas ele continuava encostado à mesma parede, com a mesma expressão.
Até que ela se sentou. No sofá do lado oposto à parede onde ele estava encostado. O namorado já se tinha ido embora. As únicas coisas que se encontravam entre eles eram copos de plásticos no chão e a insegurança dele. Poderia ele alguma vez confessar-se a algo tão belo?
Então, engolindo as próprias palavras, engolindo os próprios pensamentos e engolindo os próprios sentimentos, ele avançou. Avançou na sua direcção, destemido e determinado. E captou o olhar azul dela.
Debruçando-se sobre o sofá onde ela estava sentada, ele sussurrou-lhe ao ouvido, "Amo-te".
E as palavras ficaram suspensas no ar.
Ela olhou para os olhos azuis dele e disse, "Não é mútuo".
E foi aí, qual faca nas costas, que ele se afastou.
Como é que ele se tinha deixado enganar por aquela personagem tão graciosa? Como é que ele tinha deixado o seu coração tão vulnerável?
Mais uma vez, engoliu as próprias palavras, engoliu os próprios pensamentos, engoliu os próprios sentimentos. E saiu pela mesma porta por onde tinha entrado.
Não reparou foi no que deixou para trás.
Na parede entre a porta e o sofá, encontravam-se um par de olhos verdes que o tinham observado a noite inteira.
Aquele par de olhos que o viram entrar. Aquele par de olhos que o viram encher-se de coragem. Aquele par de olhos que o viu a enfrentar a rejeição.
Aquele par de olhos que pertenciam a uma rapariga que engoliu as próprias palavras, engoliu os próprios pensamentos, engoliu os próprios sentimentos, e o viu sair porta fora, levando o coração dela consigo.
Por vezes não conseguimos ver os efeitos devastadores que provocamos a certas pessoas. A vida está mais focada em nós e em quem nós queremos ter que tudo o resto deixa de fazer sentido. Assim, o melhor é... Let go.